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segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Crianças em "Vogue": editoriais infantis trazem pequenos adultos.

Na Idade Média, quando a roupa começou a ganhar sua importância como ferramenta social, a moda era praticamente a mesma para crianças e adultos. Isso porque, as idades e fases da vida não eram dividas da mesma forma que são hoje.  Naquela época, crianças acima de 5 anos já eram consideradas como pessoas maduras, e portanto se vestiam da mesma forma que os adultos.
Na modernidade, os conceitos de criança e adolescente surgiram trazendo novas formas de cultura para as idades, e portanto, novas formas de vestir. A criança ganhou o direito à roupas mais leves e soltas que possibilitassem seus livres movimentos e brincadeiras.
Mas, parece que o mercado de luxo está trazendo de volta a cultura dos pequenos adultos.  Em editoriais de moda e campanhas infantis, os pequenos se transformam nas miniaturas de seus pais, aliás, um desejo intrínseco do que Freud chamaria de "sua magestade, o bebê", quando os pais transferem para os filhos toda a responsabilidade de ser o que eles desejavam ter sido, e não foram.

Vogue Infantil - Edição Francesa




Na Vogue Infantil, a elegância vai da roupa, ao carrinho de bebê. A menina se apropria do papel de mãe chic e estilosa e, porquê não, rica.

Campanha Burberry Infantil outono/inverno 2012/13




As campanhas da Burberry trazem crianças em clima de brincadeira e com idéia de movimento, com trajes que são versões infantis da coleção adulta. Mesmos tecidos, mesmas padronagens, mas em modelagens adaptadas às crianças.
Lanvin Kids outono/inverno 2012/2013






Já na coleção infantil da Lanvin, as roupas parecem ser cópias fiéis da coleção adulta. Tecidos estruturados, modelagens que dificultam os movimentos e cores do universo adulto vão parar na moda kids.

Armani Junior outono/inverno 2012/13


Não dá para negar, o catálogo da Armani é de se apaixonar, nele, uma versão ingênua do mundo adulto traz crianças em clima de romance. Mas, de toda forma, cores sóbreas e calças de alfaiataria não perecem adequadas ao estilo de vida, principalmente, dos meninos. 


3 comentários:

  1. Nossa! Queria parabenizar o blog por analisar de forma tão sensata e fundamentada essa onda de moda fashion para crianças. Em todos os outros blogs de moda, só li reportagens que exaltam isso, sem considerar todos esses aspectos que você levantou: a adultização da criança, a falta de conforto das roupas, a transferência emocional da mãe para a filha... Tem campanhas publicitárias que chegam até a erotizar as crianças, colocando elas em poses sensuais e com caras e bocas... Até onde isso tudo vai chegar? Por que essas marcas não fazem moda infantil com cara de moda infantil e que respeita a infância??? Beijos.

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    1. Anna Maria, obrigada pelo comentário... é bom saber que as leitoras também se interessam por assuntos, digamos, mais profundos. Me empolguei para trazer mais deste tipo de matéria. Dizer que a moda é sempre linda, é muito fácil, a gente também precisa de críticas.
      Beijinhos!!!!

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  2. Ridículo, ver o capitalismo moldando crianças sob seus padrões de vaidade, onde uma cor cinza e melancólica de uma mulher com n problemas, é passada a uma menina que divertiria-se muito mais com um colorido brilhante, e ainda mais com um menino, na foto, colocado com o assédio de um adulto sobre a menina.Não suporto a ideia de comercialização da inocência e beleza das crianças, posta por esses estilistas vaidosos,se homem lógico que são bixas cheias de frescuras.Mas porque o uso de crianças? é por causa do enjoo por modelos anoréxicos e sem sal?

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